sábado, 4 de outubro de 2008

Imprensa



“Deus não nos deu o dom da imparcialidade”. A frase é do jornalista Ancelmo Gois, colunista de O Globo e comentarista da TVE, em entrevista para o site Canal da Imprensa. Há quem acredite que a mídia não consegue ser imparcial e, no entanto, quem defenda a fiel reprodução dos fatos.
É já evidente que na tentativa de buscar a imparcialidade e a objetividade - princípios fundamentais da profissão – deve-se sempre procurar eliminar seus “preconceitos”. Após muitos anos de discussão, os jornalistas, conseguiram formular um código explícito e formal de ética que determina o compromisso fundamental do jornalista com a verdade dos fatos, e que seu trabalho se paute pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação.
O exercício da objetividade e imparcialidade, levado às circunstâncias da produção jornalística, é algumas vezes motivo de contraditórias opiniões. Os mais radicais defendem o pressuposto de que não existe imparcialidade na nossa profissão, e que o jornalista será sempre parcial, porque não consegue descrever os fatos sem colocar uma dose do que ele pensa, do que ele sente, torce e etc.
Essa visão vai além quando se trata da fonte. Para o jornalista Heródoto Barbeiro, apresentador de jornal na TV Cultura e na Rádio CBN, em entrevista para o Núcleo Piratininga de Comunicação, não se faz jornalismo sem se fazer vítimas, porque só é notícia aquilo que provoca uma certa reflexão, um certo eco social. “Quando você fala de alguém, para o bem ou para o mal, aquilo mexe com a vida da pessoa. Então é vítima no sentido de que tem um certo reflexo”, diz ele.
Alcançar a fidelidade dos leitores por meio exclusivo da neutralidade, para os mais descrentes, parece, de modo crescente, ineficaz. “Devem as notícias refletir a realidade como um espelho? Não, mas não porque não devam, é que não podem”, diz Gonzalo Peltzer no livro Periodismo con Pasión (Editorial Ábaco, Buenos Aires, 1996). Nesse contexto, acredita-se que a objetividade e a imparcialidade são cada vez mais insuficientes à sobrevivência de um jornal ou meio de comunicação.
Em outro extremo estão os mais idealizadores, que propõem um jornalismo sério e de compromisso com a verdade. Em geral, entre as características mais valorizadas da profissão está a de saber tratar os fatos de maneira imparcial, distanciando-se do acontecido. Com o intuito de melhor servir o público a que se destina o jornal, a mídia deve passar informações verídicas e não tendenciosas sobre os acontecimentos, a fim de que os leitores façam seu próprio julgamento.
De fato, o jornalista desempenha um importante papel na sociedade, e é de sua responsabilidade o conteúdo da mensagem publicada e sua repercussão. O jornalismo é ele próprio um construtor da realidade, assim, é indispensável que está realidade transferida para o papel seja a mais objetiva e convicta possível.

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