sábado, 4 de outubro de 2008

Seringueiros






Depois da Segunda Guerra Mundial a produção Brasileira de borracha entrou em crise de novo. Apesar do preço baixo, a borracha permaneceu o principal produto de exportação do Acre. O que tinha mudado era a estrutura econômica. Depois que a maioria dos seringalistas tinham falido muitos dos trabalhadores ficaram na área do seringal e se tornaram seringueiros posseiros, inclusive podendo cultivar a terra (que antes era interdito para eles), vendendo a borracha para revendedores ambulantes chamados "Regatões" ou "Mareteiros". Estes Mareteiros enganaram muito o seringueiro e mesmo como os antigos seringalistas mantiveram ele numa dependência econômica. Regularmente o seringueiro anda nas trilhas que passam pelas seringas, em cujos troncos ele aplica cortes diagonais. Assim o látex vai saindo e escorrendo num pote amarrado na árvore e pode ser recolhido na próxima volta. Este látex liquido antigamente foi aplicado em varas, os quais eram giradas na fumaça em cima da fogueira. Com o calor o látex ficava solido e com a fumaça ficava resistente contra fungos. Assim se formavam fardos de borracha de mais ou menos meio metro de diâmetro. Esta técnica hoje em dia quase não se usa mais. Hoje existem outras formas de processamento do látex sem fumaça. A forma de subsistência como seringueiro é até hoje a mais comum entre os moradores da floresta. Os seringueiros de hoje, sendo a maioria índios ou mestiços, chamados "caboclos", não extraem só o Látex, mas também outros produtos da floresta, principalmente a Castanha do Brasil. Eles também exercem agricultura e caça para o próprio uso em pequena extensão. As casas dos seringueiros são simples, cobertas de palha. Muitas vezes onde eles moram não tem escolas nem assistência medica. O usufruto sustentável da floresta pluvial pelos seringueiros é uma forma de convivência harmoniosa e ecologicamente consistente de homem e floresta pluvial. A situação ecológica da floresta amazônica é inseparavelmente ligada á situação econômica e social dos seringueiros.






A Fala dos Seringueiros
Varadouro – caminho principal no meio do mato, uma espécie de rua na floresta, que liga uma colocação à outra. É uma picada estreita em que só passa uma pessoa de cada vez.
Colocação – posse geral do seringueiro, incluindo casa, roçado e estradas, cada colocação possui em média três estradas, mas pode chegar a 18.
Varação – atalho estreito entre dois varadouros.
Manga – um caminho sem saída, em geral usado para ir a uma seringueira fora da estrada. Pode levar também a uma colocação, que nesse caso passa a se chamar “vai quem quer”.
Estrada – caminho onde estão as seringueiras, que sai da casa do seringueiro e volta para o mesmo lugar. Cada estrada possui de 120 a 150 seringueiras.
Seringal – conjunto de várias colocações.
Rodagem – estrada onde passa carro.
Ramal – equivalente às estradas vicinais.
Empate – técnica para impedir o desmatamento. Os seringueiros se reúnem e vão para a área a ser desmatada. Se levam armas, deixam-nas escondidas para o caso de serem agredidos. No lugar indicado, fazem pressão sobre os peões e exigem a presença do gerente. Em geral, os seringueiros levam as famílias para os empates, que começaram por volta de 1975/76. Nunca houve um conflito durante os empates. O primeiro ocorreu em Cachoeira.
Cambito – galho torto usado pelo seringueiro para juntar o mato e cortá-lo.
Terçado – grande facão usado para abrir caminho, quebrar castanha ou matar animais.
Faca de seringa – usada para cortar a seringueira.
Madeira – seringueira.
Sarnambi – bola de borracha que, acesa, serve de tocha para andar no mato à noite.

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